sexta-feira, 15 de março de 2024

mulheres

mulheres tipo bukowski? 
não
tipo eu
magnética
frenética

culpadas
quem fez ou deixou de fazer não importa
culpada
força profunda
cheia de culpa

lasciva
cheia de dedos
poucas palavras
antipática
magra demais
gorda demais

só apareceu aqui porque é magra
só apareceu aqui porque é rica

apareceu 
alguém escolheu
mas é ela
a culpada

mulher é sempre culpa pedindo perdão

quinta-feira, 29 de junho de 2023

A fuga

 A fuga faz parte da mulher, a relação é intrínseca, você pode fugir de tudo e ainda assim sentir que precisa fugir mais uma vez. 


Eu sou uma dessas mulheres que fogem, que está repleta de si mesma, que não precisa do complemento. Corro por entre as ruas, corro no trânsito, busco de maneira incessante o local onde vou nascer renascer ferver. 

domingo, 3 de abril de 2022

Correndo

Ela me maquiava, me maquiava e olhava atentamente os traços do meu rosto, eu sentia o pincel gelado passando perto da pálpebra, ela me perguntou o que eu fazia:

- Estou me formando em 

- Ah, deve ser legal, mas deve ser puxado também

- É sim, não vejo a hora de acabar

- Eu não sei até hoje o que estou fazendo da vida

Ela parecia ter tanta certeza do que estava fazendo e vivendo, eu nunca esperaria uma frase dessas de uma mulher como ela. 

- Eu namoro mas não sei se devia namorar, não sei se é cedo, ou tarde, não sei, simplesmente foi acontecendo e estou aqui

Ela riu, de forma leve, constrangida de sua própria existência. Aquele riso mais parecia desespero. Eu reconheço ele pois eu ria do mesmo jeito. Eu ri igual. 


Ele me cortava as asas. S. me cortava as asas. Não sei explicar de forma mais honesta que isso. Não gostava do meu batom, não gostava da minha meia arrastão, não gostava dos meus shorts curtíssimos que mostravam a papada da bunda, se irritava comigo arrumada. Fazia questão de falar que estava irritado, demonstrava de qualquer jeito ou maneira. Uma vez fomos em um evento de rock psicodélico e eu me arrumei, ele ficou a noite toda de cara fechada, sendo frio, me tratando mal. Mas não era ciúmes, nunca, ele não teria ciúmes de mim. Nunca. Era um homem feito, ganhava o suficiente para manter todos os seus luxos.


Esses episódios foram se repetindo até eu virar uma sem graça do caralho. Até ele remover todo meu brilho como quem remove maquiagem antes de dormir (com água micelar no fim de uma noite de festa), daquela forma cansada, horrenda, nojenta, suada. Eu fazia tudo direito mas nunca era o suficiente.

- Você faz de propósito, Janaina

- O que?

- Essas roupas, esses shorts, você tem pernas que chamam atenção, parabéns, chamou atenção de todo cara que tava naquela merda de show

- Eu sou magricela, ninguém liga, bem

Ri alto. Por dentro queria morrer. Nunca ninguém fez eu me sentir mal por uma roupa curta. 

Vocês sabem o que mais dói nisso tudo? Eu me perdi de mim mesma, eu continuei assistindo as mesmas coisas e ouvindo o mesmo de sempre mas eu não podia ser eu mesma, eu não podia rir alto em uma mesa, não podia fazer piada com sexo, não podia me vestir do jeito que me achava bonita. Para ele, tudo era ofensivo. Me apagou. Mas sei que ele está pagando por ter me apagado. Quem apaga as outras pessoas só apaga por um motivo facilmente notável: Não brilha. 

Você nunca vai brilhar e conquistar pessoas incríveis do jeito que eu conquisto, eu sinto muito por você. Sei que tua amargura vai te levar para locais bem ruins e o pior de tudo: Não vai ter gente que brilha lá, você vai ter apagado geral. 


sexta-feira, 11 de março de 2022

Devaneios ainda lúcidos

Rodeio, 15 de janeiro de 2022.

Como sempre, eu e minhas histórias malucas, de mulher intensa. Intensa e louca, alucicrazy e todas essas abobrinhas que falam de mulheres que são confundidas e conhecidas como “impulsivas” apenas por fazer tudo o que um homem feliz costuma fazer. 

A sensação de estagnação do jovem adulto é sem dúvidas a coisa mais dolorosa no Brasil atual, veja bem, escrevo isso em 2022, sem muita perspectiva de melhorias para o futuro. Existe uma esquizofrenia grande crescendo entre os brasileiros, um egocentrismo sem razão em decorrência de uma múmia no poder federal. Sinto que a estagnação vem a partir disso, desse não poder fazer tudo o que se quer pois um malucão enfiou a gente em uma lama sem fim. Literalmente, né? Brumadinho, Mariana, tudo o que NÃO vale a pena comentar agora. 

O descaso para o brasileiro continua evidente e não vai desaparecer dentro dos próximos anos, logo essa postagem será tão recente quanto a esquizofrenia atual que você deve estar passando por. Peguei meu celular mais de dez vezes na mão hoje, gostaria de saber quando me tornei esse monstro que não consegue desligar de nada, se é minha hiperatividade apenas, porém sei que isso se atrela ao vício das redes sociais, comecei escrever isso aqui para dar um tempo mesmo, ao mesmo tempo fico abrindo janelas de conversas aqui, esperando algo mudar. Já falei para vocês que quero cursar matemática? Sim, meu eu de exatas não resiste. 

Mas vamos para os deleites e para as histórias sem fim da minha vida, uma repleta aventura cheia de descontentamento e atrapalhadas, estagnação também. 

O que será que uma mulher de 25 anos e diversos insucessos amorosos pode te falar? Seria justamente sobre isso que vou falar, sobre tudo o que uma mulher aberta a coisas novas pode passar nos dias atuais. Não, não me acho fracassada, nem solteirona, nem triste, aliás, sempre fui muito mais feliz que muita gente com toda estabilidade do mundo, estabilidade é algo que buscamos mas que não necessariamente pode trazer felicidade, felicidade sempre é algo muito subjetivo e de dentro. Felicidade é momento também, ninguém é feliz o tempo todo, parem de romantizar as coisas assim, tem gente que tem certeza de uma depressão por coisas bobas assim. 

Não estou aqui também para ditar regras, aliás, vivo me contrariando na vida, faz parte. Não sobre vacinação, a vacinação é importante, se vacinem, vacinem os amigos, a família, sempre bom.


domingo, 25 de agosto de 2019

Deixar ir

Quando te deixo ir
Não sei bem se estou desistindo
De mim ou de você
Apesar de que um dia
Já fomos nós
E nós não desistíamos de nada

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Rodeio, 31 de maio de 2019.

Por onde começar? Se todo começo não me dá o final ou o momento presente que gostaria de estar? E porque não fingir que esse momento é o exato momento que eu quero viver, existir e ser feliz? Por que fingir? Mas precisa ter um começo, ou seja, o ponto de partida.

Diário de Bordo

Não que seja importante, mesmo assim, existiu.

O INÍCIO (Diário de Bordo)

“E eu tenho paralisia do sono desde sempre.” Falei para o psiquiatra, meu pai ao lado me ouvindo atento, preocupado, o psiquiatra me olhando esquisito como se eu tivesse forçado a amizade, ou talvez foi impressão minha, estava muito mal para distinguir as coisas naquela época.